quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Desconstruindo: Juan Carlos Onetti

"[...] a sensação que tenho de mim mesmo, mal-entendidos. Fora isso, nada; de vez em quando algumas oportunidades de esquecimento, alguns prazeres, que chegam e passam envenenados. Talvez todo tipo de existência que eu possa imaginar deva transformar-se num mal-entendido. Talvez, pouco importa. Entretanto, sou este homem pequeno e tímido, imutável, casado com a única mulher que seduzi ou que me seduziu, incapaz, não mais de ser outro, mas da própria vontade de ser outro. O homenzinho que sofre à medida que o infortúnio cresce, o homenzinho confuso em meio à legião de homenzinhos aos quais foi prometido o reino dos céus. [...]"

O trecho anterior que leram faz parte do romance A Vida Breve, de Juan Carlos Onetti. Quando li o trecho, fiquei tão comovido e ao mesmo tempo enojado. Li-o comovido umas três vezes, pensando na minha vida que foi inativa e insignificante, mesmo para um jovem de 18 anos; e fiquei com um asco pela mesma razão, minha vida até agora.

Analisei partes importantes:

_'Algumas oportunidades de esquecimento, alguns prazeres' - Sempre me ofereceram o aval para desvirtuar-me das minhas paranóias, mas como eu, poderia esquecer os meus problemas? De um jeito ou de outro, eu tenho que resolvê-los, por que não cedo para não se preocupar depois? Tsc, tsc; eram eras para uma mania ser resolvida e depois eu descansar. Perdia as piadas e os amigos ubiquamente.


_'Talvez todo tipo de existência que eu possa imaginar deva transformar-se num mal-entendido.'- E não seria? Uma mentira? Ou melhor: uma omissão? A felicidade instantânea, a fugacidade de um momento vivido, tudo só não passava de um erro? Não. Não mesmo. Se foram mal-entendidos, nada mais que horas e lugares errados. SEMPRE A TROVA DA HORA E LUGAR ERRADOS? Por que não? Nessas algumas oportunidades de esquecimento, nesses alguns prazeres, a hora e o lugar foram tão oportunos a ponto de esquecer a crueldade da questão do sentido útil da vida. Estou errado?


_'Sou este homem pequeno e tímido, imutável, [...], incapaz, não mais de ser outro, mas da própria vontade de ser outro.' - De fato haha, sou pequeno que o mundo, seria muito 'querer' ser grande àqueles que me querem bem.
Sou tímido, sim, e daí? Tem gente que não sabe controlar o silêncio falando qualquer besteira; eu sei, mas ainda, o silêncio é uma megera a ser dificilmente domada.
Imutável? Sim e não. Não por: até pra não mudar meus ares, eu estou mudando a minha ordem natural de mudar. (Não é?)
Incapaz de ser outro? Sim. Pra que mudar o que na verdade é imutável (respondendo o 'não'): que é ser nós mesmos, isso não mudamos. Mudamos nossas atitudes, mas nós mesmo nunca mudamos.


Sem questionamentos sobre fugacidade temporal e incapacidade existencial, farei da minha vida a mais breve possível. =)

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