sábado, 6 de agosto de 2011

Fletir-se para si

... Não era tão chato, pelo menos para mim. Imagine para pessoa do meu lado, convidando-me para entrar; ou o amigo que necessita de um desabafo, numa hora que só um ombro conhecido o entende; ou até para a mãe com saudades do filho que fica absorto nos xeroxes de livros sobre cultura e o savoir-faire das estabilidade das sociedades, dos quais 30% ele gostou de ler; ou para o pai que quer ver o sorriso do filho que tem os olhos, a garra e a maturidade solerte que o pai lhe transmitiu...
Não era chato pra mim, ignorá-los por uns momentos de absorção de energia, de aura; um momento de ver as conquistas obtidas, as não obtidas, não-ainda obtidas ou as impossivelmente críveis de desistência; um momento no qual, ninguém me diz nada, para eu ouvir somente a uma pessoa que nunca dei ouvidos, muito menos satisfação; uma pessoa que eu penso que nunca seria tanto igual na vida quanto os irmãos abastados com apartamentos e vagas rotativas; uma pessoa que achava que não tinha diligência para tomar decisões, para não tomar decisões; uma pessoa que eu subestimava; essa pessoa sou eu.

Enfim, não é a minha reflexão sobre mim mesmo que importa, e sim a ambiência, a hora, a sensação que me proporcionava, e principalmente: o lugar.
O lugar era o meu quintal, não mais que uns 2 metros e meio para uns 3 metros; suficiente para uma cadeira né; suficiente para ficar horas olhando para as estrelas; suficiente para simplesmente ficar lá e não pensar nada; ou o contrário: pensar em tudo.
Só o fato de ficar sozinho, o fato de olhar para o norte, o fato de não-pensar pensando, me deixa tão mais calmo para enfrentar qualquer dificuldade.
E por mim, dobrar-me para mim, sempre é saudável.

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