domingo, 8 de janeiro de 2012

Correr na chuva

No meio da tarde de um domingo, a reverberação do calor santamariense era tão estúpida quanto extrema. Porém, na direção nordeste vinham os nimbos cinzentos-escuros na esperança de molhar o asfalto de Santa Maria.

Às seis horas da tarde, eu me arrumei para correr o perímetro de ruas e avenidas de sempre, sabendo que iria encarar iminente chuva. 18:23pm, respiração ofegante, descendo a rua Appel, o shuffle do mp3 executa a seguinte faixa.



The Maccabees - "Feel to Follow"
Leitor, imagine a cena, como eu vou remembrá-la para mim.

No começo da música, o vento pairava na Av. Medianeira, e o ar condensava-se. O toró advinha agilmente. 30 segundos depois de música, com o "uh-uh-uh-uh-uhhhhhhhuuh" do estribilho, eu corria de olhos fechados enquanto respirava fundo; eu ia no compasso da música, claramente tinha um Fá Maior.
Um minuto da música - o stacatto do riff da guitarra acelerava meu passo, aquela bateria parecendo um allegro me deixava mais ansioso, mas a garoa progressiva umidificava a ansiedade, fazendo com que minha paz esteja em moção.


Um minuto e meio - a garoa deixa de ser garoa, para ser a impiedosa chuva. A camiseta ficava mais úmida, o suor misturava-se com a água. Uma sensação que nas condições empíricas certas (como aconteceu de fato) iria provocar uma sensação de bem-estar.

Dos 2:18 de música até o resto, o breakdown da música foi acelerado mesmo. A corrida aumentou na cadência da faixa. A chuva aumentou encadeando os dois últimos elementos. Eram corrida, gotas de chuva e progressão de uma faixa todas juntas num momento simples, todas incorporando uma experiência única pelo menos pra mim.



Quando a música acabou, a chuva parou, eu parei de correr. Suspirei por um momento e sorri.

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