segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Entrevista para a Pitchfork - com Craig Finn [Traduzida]

Uma das curtas entrevistas que leio, e é muito bom saber que um compositor "normal" vem com músicas geniais sem ser extremo. Traduzi umas partes mais marcantes dessa entrevista para mostrar que não é preciso empirismo pra compor. Só imaginação e principalmente ação.
Craig Finn Talks New Solo Album, New Hold Steady Material

Pitchfork: Quantos anos você tem agora?
Craig Finn: Eu fiz 40 em agosto, no qual é climático quando você é o vocalista de uma banda de rock. É como, "O que eu estou fazendo?" Você quer estar na idade apropriada. Isso é algo que eu penso sobre: Como não ser um quarentão vergonhoso e ainda fazer o que eu gosto de fazer?
Quando eu estava com 30, eu achei que eu estava feito com o rock'n'roll. Eu achava que era hora de eu ser adulto. Mas parte dessa responsabilidade é procurar coisas que você quer fazer. Isto é um adulto. Eu sinto que pessoas põem muita pressão nelas mesmas que isso não existe no mundo externo.
Agora, eu não tenho um plano, uma sáida estratégica, ou um círculo de carreira em mente. Então é assim: fique trabalhando em coisas. Não sente-se e jogue PlayStation e espere pelo telefone tocar. Saia e veja música, veja arte, participe. Daí você só cruze os dedos e espere que funcionará.

Pitchfork: Você tinha dito que os personagens nas suas músicas não são baseados na sua própria vida. Você inveja eles mesmo?
CF: Não na verdade. Eu não iria viver com consequências que eu sei que estão nelas. Se eu escrevesse músicas só sobre eu mesmo, elas seriam muito chatas. Quando Separation Sunday foi lançado e a banda começou a fazer certo, eu relembro essa sensação distinta que pessoas iriam me conhecer e seriam disapontadas porque eu não sou louco. Eu estava assim, "Eu devo quebrar algo?" Eu só sou um cara chato que gosta de ler um monte de livros. Não é a minh natureza ficar louco.
Dito isso, nos primeiros dois anos, nós ficamos realmente bêbados todo o tempo. Mas ficou um ponto onde eu estava assim, "Nossa, eu estou muito cansado de estar de ressaca." Os personagens nas minhas músicas não diriam isso. Eles diriam, "Vamos começar a beber de novo. Nos sentiremos melhor em 40 min.!" Artisticamente, eu sempre estive interessado na ressaca; não só a celebração e os confetis mas também o vômito na sarjeta.

Pitchfork: Um bom exemplo disso está na canção "Terrified Eyes", na qual é sobre um casal passando por tempos realmente muito difíceis: contas no hospital, desconexão, talvez alcoolismo.
CF: Esta canção é mesmo sobre suas pessoas que estão nesse local frustrante onde coisas estão erradas e eles reconhecem isso, mas eles não podem mudar. Muitas das minhas composições no Hold Steady tem a ver com este lugar na sua vida onde é apropriado ir em festas a ter um emprego ruim. E depois você fica um pouco mais velho, passando os 20 ou os 30, e isso não é mais apropriado. Há pessoas que fazem essa transição e depois há pessoas que ficam presas bem ali. Coisas como hospitalização, saúde mental, e depressão vem à luz mesmo. Isso é frustração: "Isso não é como eu achava que estava indo. Por que é tão difícil pra mim conseguir trabalhar? Por que eu durmo muito? Por que eu não estou ansioso em ver meus amigos?

Pitchfork: Há um ótimo verso na música "Terrified Eyes": "Ele não vai dizer à ela que é uma questão de só tentar mais arduamente."
CF:  Depressão no senso clínico é realmente barra pesada para pessoas enfatizarem. Há esta aproximação de auxílio como, "Por que você não sair da sua cama e arruma um emprego! Está no seu dever!" Mas isso não é pra qualquer um. Há um tempo que você percebe: "Bah, você é doente só como a sua perna está apodrecendo" David Foster Wallace é o meu heróis, e eu li numa entrevista com a esposa dele onde ela disse que qualquer um estava chocado quando ele se matou, mas se ele tivesse câncer pancreático, ninguém teria se chocado. O cara não estava bem.
Eu conheço um monte de gente que tem sido afetadas pela ansiedade e depressão debilitante. Leva a este ímpeto: Se você não está empurrando a pedra da colina, ela vai rolar em você.


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